quinta-feira, 24 de outubro de 2013

impressões

andando pelas ruas do bairro,
me insiro em uma realidade controversa demais.
Ruas esburacadas, estreitas, fedidas e mal iluminadas,
mas ninguém se importando com isso
ninguém se importa em ter vizinhos nas 3 direções e dividir sua vida com os mesmos
através das finas paredes de concreto barato.

Crianças correm sem direção pelo meio da rua,
e são felizes sem saber.
os cachorros imundos largados na rua, se deitam ao meio fio,
esperando os ossos das carnes dos bares lotados.

Motos voam sem pensar na morte que as aguardam na próxima esquina,
quanto mais barulho fazem, mais atenção chamam
mais incomodado ficam os de fora,
e aumentam ainda mais os egos,
dos que imploram por serem notados.

O comodismo é surreal e amedrontador,
eles não tem nada,
estão no nada, mas assim está bom.
Colocam suas motos para fora de casa,
ocupando 1/3 da rua esburacada,
ligam seus rádios o mais alto possível,
impondo aos seus 6 vizinhos diretos o que eles devem ouvir e pensar nas próximas horas.

A música, ah a música. O que foi que fizeram com você ?

A ilusão de que estão fazendo o melhor de suas vidas,
é nítida.
São mal pagos, trabalham em más condições, sem nenhuma perspectiva de melhora,
mas com o pouco que tem,
fazem questão de investir tudo em porcaria,
tênis, roupas, acessórios inúteis, carros, motos, sons ...
Mas será que podemos unicamente culpá-los ?

Verdade é que podemos discutir a teoria da evolução social desses grupos,
por horas,
sem chegar a uma conclusão prática,
uma solução definitiva.
Se eu perguntar a grande maioria deles se querem mudar,
receberei um sim,
querem mudar é claro! Mas,
Para pior!
Querem mais dinheiro, para trabalhar ainda menos, e gastar ainda mais com as mesmas coisas,
são limitados a enxergarem o mundo com um zoom muito grande.

Desfocaram os objetivos de cada um,
e todos almejam o mesmo ideal.
Um ideal que não vale apena ser buscado,
uma falsa causa, sem significado algum.
Os culpados também estão por todos os lados,
lutando por causas igualmente falsas e insignificantes.

viver é complicado,
seja do lado de lá ou de cá.
Sigo a caminho da padaria,
aqui ainda consigo comer com 2 reais.



Um comentário:

  1. Texto muito bem escrito da triste realidade dos bairros humildes da capital de São Paulo. Parabéns pela abordagem.

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